Os males da mão
Eles vão nos falar da nossa relação com a ação manifestada sobre o mundo exterior. Tensões, dores, sofrimentos nas mãos significam que a nossa relação com esse mundo exterior é uma relação de supremacia, de poder, de possessão ou de avidez.
Queremos muito segurar, apertar, dominar as coisas ou os indivíduos, seja pela vontade de dominar ou por medo. A mão que se fecha é aquela que retém, que tem medo que as coisas lhe escapem ou que se defende ou ataca e quer golpear (punho fechado).
No entanto, como costumo dizer a alguns dos meus pacientes, a vida e tudo o que acontece com ela - pode ser simbolizada por um punhado de areia.
Se quisermos tê-la e conservá-la, precisamos manter a mão aberta; pois se a fechamos para comprimir essa areia, para segurá-la, mantê-la, então ela escapa por entre os dedos.
A mão pacífica ou aquela que acolhe está sempre aberta, enquanto a mão que jura vingança ou que ameaça está sempre fechada. Mãos e punhos estão muito ligados e os seus sofrimentos, muitas vezes conjuntos, são significativos de uma dificuldade maior para se desprender do mundo. da vontade. da supremacia. da possessão ou do poder sobre esse mundo.
Vou citar aqui um caso em especial: o da Dominique. Essa mulher de cerca de quarenta anos foi atingida por uma forma particular de reumatismo que se chama poliartrite de evolução crônica. Generosa e apaixonada, a sua relação com o mundo é de um poder inconsciente muito desenvolvido.
Lutando permanentemente com a vida e com as pessoas. ela domina e dirige tudo o que está ao seu redor sem se dar conta disso. Sua generosidade natural facilita tal coisa e faz com que aqueles que a rodeiam se acomodem - cada um à sua maneira com essa atitude característica. Ela escolheu para si um marido que lhe convém: forte quanto ao exterior e aos músculos. mas fraco no que se refere à relação com a ação e a vontade. Ela se encontra então "obrigada" a agir. a fazer, a dirigir e a ser voluntária no seu lugar,uma vez que, na opinião dela, "ele não é capaz".
No entanto, essa relação com o poder não é uma experiência bem vivida dentro dela e faz com que desencadeie esse reumatismo particular nos dois punhos e. depois. nas duas mãos.
Digo que esse reumatismo é particular pois ele é evolutivo em primeiro lugar; não se sabe como interrompê-lo (não temos poder algum sobre ele).
Também porque se trata de afecção dita "auto-imune", ou seja, uma doença em que o organismo se autodestrói. pois não reconhece mais algumas das suas próprias células, que passam a ser vistas como células "inimigas"... Por que o organismo da Dominique acredita que as células dos seus punhos e das suas mãos são inimigas? Será que o seu uso pervertido para a obtenção do poder faria com que algumas partes do corpo se tornassem nocivas? Nocivas na medida em que elas permitem que essa mulher tenha, por sua vez, um comportamento que também é nocivo para a sua vida. a sua estabilidade. a sua felicidade e o seu Caminho da Vida.
Esse uso seria nocivo para a realização da sua Lenda Pessoal? Eu acredito que ela possui todos os elementos para refletir a respeito, de preferência rapidamente, pois outras partes do seu corpo começam a ser seriamente atingidas, enquanto os seus punhos e as suas mãos já foram operados diversas vezes.
Do livro: Diga onde dói e eu te digo porque
Michael Adoul